Projeto Truffaut XVI: “O homem que amava as mulheres”
“L’Homme qui aimait les femmes”. FR/1977. Direção: François Truffaut. Produção: Marcel Berbert. Roteiro: François Truffaut, Michel Fermaud…
“L’Homme qui aimait les femmes”. FR/1977. Direção: François Truffaut. Produção: Marcel Berbert. Roteiro: François Truffaut, Michel Fermaud, Suzanne Schiffman. Fotografia: Néstor Almendros. Música: Maurice Jaubert. Montagem: Martine Barraqué-Curie. Elenco: Charles Denner, Brigitte Fossey, Nelly Borgeaud, Geneviève Fontanel, Leslie Caron, Nathalie Baye, Jean Dasté, Michel Marti.
Conhecendo a câmera de François Truffaut, é impossível dissociar o título de “O homem que amava as mulheres” de seu realizador. Sua lente, que admirava o feminino de maneira tímida e curiosa, colocando-o em um pedestal, se rendeu à musas como Catherine Deneuve, Julie Christie, Jacqueline Bisset e Fanny Ardant. Entretanto, a flexão do verbo no título do filme já antecipa o que Truffaut nos entrega logo nos créditos iniciais: Bertrand Morane, o personagem-título, está morto.
Mas o tal d’“O homem que amava as mulheres” era também devotado aos livros — ou talvez, mais ainda, a eles. A literatura é um elemento que, da mesma forma, é associado com frequência a Truffaut, roteirista de seus filmes: seja pela famosa adaptação de “Fahrenheit 451” (1966, baseado no conto de Ray Bradbury) ou por trazer à tona escritores até então menos badalados como Henri-Pierre Roché (“Jules e Jim”, 1962), além do fato de se basear em diários pessoais para suas obras, como fizera em “A história de Adèle H.” (1975), debruçando-se sobre as memórias da filha de Victor Hugo. Ademais, não só os livros como objetos encadernados estão presente com frequência na encenação dos filmes de Truffaut, mas também o ato da escrita por meio de seus personagens, que frequentemente utilizam cartas e diários como meio preferido de expressão. Talvez seja devido à sua afeição por tais temas — mulheres e livros — que o cineasta tenha conseguido esculpir “O homem que amava as mulheres” de maneira tão estimulante. Afinal, é através das paixões de Bertrand que Truffaut engendra seu filme: a estrutura do roteiro flerta com o formato literário, uma vez que o mulherengo protagonista compila suas memórias amorosas em um romance e Truffaut nos revela tais confissões por meio da narração em off do personagem, no momento em que ele escreve o livro. Ou seja, além de espectadores de Truffaut (uma vez que o filme também não abre mão da narração objetiva), somos leitores de Bertrand. “O homem que amava as mulheres”, inclusive, ainda convida o ponto de vista daquela que possibilita a publicação do romance de Bertrand, a editora Geneviève Bigey, agregando uma perspectiva feminina externa à autobiografia do personagem-título.

Nesta altura de sua filmografia, o prazer da autorreferência já se tornou uma assinatura estilística em François Truffaut. Sendo um dos exemplares mais ricos neste quesito, “O homem que amava as mulheres”, seu 16º longa-metragem, opera este jogo de forma vetorial. O ator principal, Charles Denner, também interpretou o libertino Fergus em “A noiva estava de preto” (1968), longa de Truffaut que, apesar da inversão genérica e da diferença temática, se conecta a “O homem que amava as mulheres” pela estrutura similar de sua trama. Ali, a personagem título (Julie Kohler, vivida por Jeanne Moreau) persegue uma série de homens misóginos em uma caçada de vingança que ganha ares de insurreição feminina. Último item da lista de Julie, Fergus é um pintor obcecado por mulheres que se apaixona verdadeiramente por ela, a ponto de, num ato cego, pôr em suas mãos a própria arma com a qual será assassinado. Bertrand Morane, além de já iniciar “O homem que amava as mulheres” como “peixe morto pela boca”, é um caçador que enfileira uma série de corações femininos, além de também possuir uma sensibilidade artística, só que voltada à literatura.
Tal amor aos livros levará Bertrand à conexão direta com o seu criador, François Truffaut, ambos aquarianos libertários natos. Dissipando a fronteira diegética, Bertrand intitula seu livro como “O homem que amava as mulheres”, enquanto Truffaut lança o próprio roteiro em formato de romance, sob o mesmo título, após o lançamento do filme. Tratava-se de um aceno para o anseio pessoal do cineasta de, após filmar seu 30º longa, dedicar-se exclusivamente à literatura — um plano não-concretizado devido à sua morte, em 1984, faltando nove títulos para a meta. A ligação entre François Truffaut e Bertrand possui também um aspecto imagético, graças ao figurino preponderante do personagem: a jaqueta de couro marrom, acompanhada da camisa e da gravata em diferentes tons de azul, é a mesma combinação que Truffaut vestiu ao encarnar o diretor de cinema Ferrand em “A noite americana” (1973), que, por sua vez… teve tais peças saídas do próprio guarda-roupa pessoal do realizador. Inclusive, após “A noite americana” (1973), os brevíssimos cameos de Truffaut a la Hitchcock passam a ser uma constante em seus filmes. Aqui, ele surge nos créditos iniciais, como o único homem presente durante o funeral de Bertrand. O carro fúnebre que carrega o caixão passa por ele que, em sinal de reverência, retira sua boina.



Vetor que também solidifica a ponte entre Bertrand e Truffaut, Antoine Doinel, o assumido alter-ego do cineasta que protagonizou quatro de seus longas, é evocado em “O homem que amava as mulheres” graças a uma alusão comparativa por meio de vias narrativas. A relação conflituosa com uma mãe ausente; a iniciação sexual no bordel; o emprego como engenheiro no Instituto de Mecânica de Fluídos; a fuga para a escrita literária após uma decepção amorosa: “coincidências” que Bertrand e Doinel compartilham em sua formação. A propósito, é natural que, no momento em que passa a pesar a diferença de 12 anos de idade entre o ator Jean-Pierre Léaud (intérprete de Antoine Doinel) e Truffaut, o cineasta (aos 45 anos, pai de duas meninas e divorciado) busque uma figura mais madura para ser porta-voz de suas reflexões particulares (Charles Denner era seis anos mais velho que Truffaut). “O homem que amava as mulheres” surge então como o avatar de meia-idade da evolução do ultrarromantismo obstinado de Antoine Doinel para uma espécie de compulsão passional.

Querendo afastar-se de uma abordagem redutiva, Truffaut busca uma contradição no personagem-título alicerce de sua narrativa e, com isso, induz o espectador a se posicionar perante ele. O roteiro explicitamente recusa o arquétipo de Don Juan para “O homem que amava as mulheres”. Afinal, ele não se vangloria de suas conquistas ou de sua virilidade. De aspecto sisudo e fala ansiosa, sua figura está longe de ser a de um galã irresistível. Bertrand Morane, apesar de bastante volúvel e um tanto chauvinista, não é agressivo ou ciumento com suas parceiras. Sua relação com as mulheres prioriza o convite ao prazer sexual, mas tal comportamento egoísta é guiado pela via da compulsão, traduzido pelo hábito de observar pernas femininas em movimento. Sem amigos ou família, seu deleite cotidiano se resume às duas únicas paixões que possui: mulheres e livros. É algo que chega a causar ciúmes em uma de suas parceiras, Delphine (Nelly Borgeaud), que lhe dá um ultimato. Mesmo consagrado às mulheres, Bertrand opta pelos livros, desencadeando uma trágica reação da moça.

Em uma estrutura narrativa ondulatória, o filme é introduzido por quem publica o livro de Bertrand, Geneviève Bigey (Brigitte Fossey), comentando sobre a onipresença feminina no funeral dele. A partir do momento em que a câmera assume o ponto de vista do defunto, de onde é possível ver as pernas de cada uma das mulheres que passam para se despedir em seu túmulo, um efeito de raccord de movimento do andar transfere a narração para o próprio Bertrand, como se o personagem voltasse à vida. “As pernas das mulheres são compassos que percorrem o globo terrestre em todos os sentidos, dando-lhe equilíbrio e harmonia”, eis a primeira frase que ouvimos do protagonista. A partir daí, acompanhamos como Bertrand, ávido por seu fetiche, fatalmente seguiu o movimento dessas pernas inebriantes, verdadeiros motifs visuais do longa.
O pensador existencialista Kierkegaard julgava o formato literário ineficaz para dar conta à vida do Don Juan, já que o personagem subsiste em um eterno presente; logo, Truffaut afasta-se ainda mais do mito ao promover uma espiral de flashbacks em sua narrativa, que parte de Geneviève para Bertrand, para, na conclusão do longa, retornar à ela. Ainda que ele não vá para a cama com todas, são as mulheres (com suas belas pernas) que guiam Bertrand em seu percurso regressivo, ao mesmo tempo que movimentam o enredo e dão unidade ao roteiro escrito por François Truffaut em parceria com Michel Fermaud e Suzanne Schiffman. Inclusive, o rigor do encadeamento promovido pela montagem de Martine Barraqué-Curie é bastante eficaz ao dar conta do variado número de personagens do enredo e dos fluxos temporais narrativos que os narradores se locomovem.

Bertrand é induzido a escrever suas memórias por uma recusa que interrompe o fluxo de suas inumeráveis conquistas amorosas. Trata-se de Helène (Geneviève Fontanel), dona de uma loja de lingerie, ponto que Bertrand sempre se detém, no percurso para o trabalho. Ao organizar as manequins da vitrine que o atraem, é como se Helène tivesse poder e controle sobre os artefatos que causam a pulsão de voyeur no homem. Declinando as investidas de Bertrand por considerá-lo velho demais, dá-lhe um beijo na boca como despedida e o abandona, da mesma maneira que Bertrand faz com suas conquistas. Seu comportamento o deixa perplexo, batendo uma súbita crise de meia idade. Ele recorre à criação artística, por meio da literatura, para rever todo o percurso de sua vida amorosa, compilado ao longo dos anos através de cartas e fotografias de suas amantes. É um hábito que foi adquirido por intermédio de sua mãe, que também tinha uma vida amorosa bem fluente.

Coerente com as guinadas freudianas do enredo, uma consulta médica que diagnostica blenorragia revela a falência do falo em Bertrand. Encerra-se a primeira metade de “O homem que amava as mulheres” e Bertrand é impelido a direcionar seu percurso revisional para um exame de consciência sobre sua relação com o feminino. Passagem que solidifica esse ponto de virada, um sonho coloca o próprio protagonista no papel inverso em sua compulsão objetificadora. Ele se vê como um manequim da loja de lingeries de Helène, tornado mero fetiche pelo olhar indecoroso das diversas mulheres na vitrine. Não à toa, o grupo que o observa remete ao coletivo feminino presente em seu enterro, na abertura do filme. Este intermezzo onírico, que vem a seguir ao diagnóstico do urologista, sugere uma primeira morte de Bertrand, ligada à percepção do desenvolvimento compulsivo de seu ultrarromantismo.


A partir do sonho com Helène, “O homem que amava as mulheres” adquire um tom mais grave. Bertrand é dispensado por um de seus alvos amorosos, a telefonista Aurora, que sempre o acordava de manhã; a ex-namorada Delphine retorna à cena absolutamente desapegada e independente; e sua datilógrafa desiste de fazer cópias do manuscrito do romance (“Estas histórias de mulheres intercambiáveis me dão vertigem!”). Em busca de inspiração, Bertrand refugia-se na literatura mais uma vez. Ele percebe que cada obra exprime a personalidade de seu autor porque cada escritura é tão pessoal quanto uma impressão digital, ou seja, cada livro é em si, mais do que um objeto, um retrato personalíssimo. O homem que ama os livros será guiado a fazer esta mesma consideração a respeito de sua outra grande devoção, as mulheres. Neste cenário, ressurge Geneviève Bigey em cena, interrompendo o fluxo de consciência do escritor. A narração do filme se torna objetiva.
Elemento que transmite a voz artística de Bertrand tanto intra quanto extra-diegeticamente, ou seja, dentro do próprio filme e simultaneamente para o espectador, Geneviève é consultora literária da Editions Betany, a única editora que topa publicar o romance. Ela é imprescindível na aprovação do manuscrito do protagonista, intitulado originalmente como “O garanhão”, uma vez que os demais consultores, todos homens, veem Bertrand como um mero arquétipo de Don Juan: um vaidoso imaturo que se acha irresistível. Por meio desta voz coletiva masculina, François Truffaut, fiel à sua perspectiva ambígua em relação ao protagonista, ironiza a própria estrutura de seu filme: “Psicologicamente, o livro não se sustenta, é um tecido de contradições que, ao final, não sabemos o que pensar sobre o personagem”.
Cabe à sensibilidade de Geneviève elucidar a situação. Ela atenta que a sinceridade da escrita instintiva de Bertrand dissipa um julgamento reducionista, uma vez que as contradições do personagem são fiéis às situações da vida real. Também é ela quem encoraja Bertrand a não lapidar o texto original do autor, além de sugerir o título definitivo: “O homem que amava as mulheres”. Geneviève vê um perfil narrativo nas memórias de Bertrand, típico de alguém que não tem medo de contar uma história e que escreve por prazer, não para criar um retrato apologético de si mesmo — assim como Truffaut. Em seus longas-metragens, a decupagem e a encenação buscam valorizar as interrelações típicas do formato urgente e anedótico dos seus roteiros, objetivando estimular o interesse do espectador nos personagens ao invés de concentrar-se na intriga da trama. Ora, o elemento que leva ao fim de Bertrand está constantemente em cena, uma vez que são as pernas femininas que norteiam sua obsessão, mas as circunstâncias de sua morte pré-anunciada nunca são uma prioridade para o filme.
Bertrand evita se aprofundar nas relações. Tal recusa, ao contrário do prazer de um ávido leitor em meio a uma livraria enorme, é menos um vício pela constante endorfina de uma nova aquisição do que consequência de um trauma. A angústia embrionária de “O homem que amava as mulheres” reside naquela que é a memória fundamental, Vera (Leslie Caron), quem o escritor reencontra por acaso em Paris, já em vias de publicação do romance. O diálogo confessional revela que o desenlace do longo relacionamento entre os dois, ainda não superado por Bertrand, induziu sua dificuldade em desenvolver vínculos afetivos duradouros com outras mulheres. A decupagem de Truffaut segue o mesmo padrão das outras cenas entre Bertrand e suas parceiras, privilegiando proporcionalmente as atrizes através de planos médios e close-up’s, dando-lhes mais tempo e espaço de cena do que para Charles Denner. É um método que, ao mesmo tempo, serve para evocar o fascínio do protagonista por tais figuras femininas e salientar a sua personalidade introvertida, que se sente mais à vontade para comunicar-se através da escrita do que por diálogos. A figura emblemática de Leslie Caron alia uma potência nostálgica à esta memória, até então mantida em segredo.

Omitido por Bertrand em seu romance autobiográfico, esse trauma nos foi revelado pela narração objetiva assumida pelo filme, momento em que Truffaut concede uma perspectiva para além do que está contido na obra, evocando o universo particular do criador. Afinal, parafraseando o filósofo Ortega y Gasset, “eu sou eu e minha circunstância”, ou seja, a circunstância com que o “eu” lida é algo indissociável para o seu modo de vida (obra). Dadas as inflexões autorreferenciais constantes da vida e obra de Truffaut em sua oeuvre, o conceito de Ortega y Gasset é aplicável não só a “O homem que amava as mulheres”, como também a seus demais longas. Os filmes de Truffaut garantem uma interpretação fechada em si mesmos, mas o conhecimento da vida pessoal e das demais obras do realizador inevitavelmente agrega-lhes um sentido confessional, que os conecta em um universo próprio.
Durante o processo de publicação do romance, Geneviéve e Bertrand têm um breve envolvimento amoroso, mas a dispensa dela após um fim de semana idílico deixa o protagonista desnorteado. Apesar de curtir o romance, a editora frisa que prioriza sua liberdade individual, exatamente da mesma maneira que Bertrand fez com uma de suas primeiras parceiras sexuais em cena. Numa crise de abstinência em pleno natal, Bertrand interrompe o percurso de reavaliação e retorna à compulsão. Sua irresponsabilidade febril o leva a um acidente. Internado, longe de seus livros e das janelas para a rua, Bertrand vê as pernas da enfermeira que o assiste e tenta agarrá-las. Ela se chama Martine, bem como a primeira mulher que vemos o incorrigível conquistador abordar em cena, no início do flashback. O círculo está fechado, mas o exame de consciência revela-se insuficiente. Ao sucumbir ao vício, Bertrand cai do leito, desconectando os aparelhos que o mantinham vivo.

Bertrand falece antes do reveillón. A respeito da mecânica das relações amorosas entre homens e mulheres, Geneviève o alertara: “Você percebe como tudo está mudando? Sempre haverá a parte do jogo, mas estamos simplesmente mudando as regras. E o que vai desaparecer primeiro são as relações de força. Vamos continuar jogando, mas de igual para igual”. Uma vez que Bertrand falha em se adaptar, é eliminado naturalmente do sistema. Como a conclusão do filme anterior de Truffaut, “Na idade da inocência” (1976), que retrata o último semestre de um colégio antes deste adotar o sistema misto de gêneros, “O homem que amava as mulheres” se revela o retrato in loco de um personagem à beira do anacronismo que se defronta com a necessidade imediata de adaptação perante a urgência social dos novos tempos.
Como Bertrand, o filme também dá o passo final ao movimento do círculo completo em sua conclusão. A narração retorna à Geneviève, ainda no velório do protagonista. Como na reunião em que garantiu a publicação do manuscrito, cabe à ela a real percepção sobre Bertrand: no fundo, ele sempre viu as mulheres da mesma forma que passou a enxergar os livros quando descobriu sua aura artística, adorando cada uma delas por seu aspecto mais particular. Entretanto, a complexidade do sentimento de Bertrand, promovida pela compulsão e pelo trauma, embaçava a sua própria percepção e, consequentemente, tornava nociva suas demonstrações afetivas, levando-o à uma posição arcaica machista, da qual não soube se libertar para sobreviver.

É claro que, sob a ótica das discussões feministas do século XXI, a maneira como a conclusão é construída a partir das falas de Geneviève parece redutiva demais para a ideia que propõe. Novamente evocando Gasset y Ortega, há de se considerar que esta foi a maneira que, em 1977, Truffaut, crescido na sociedade misógina do entre-Guerras Mundiais, encontrou para fazer uma declaração à figura feminina após uma trajetória de mea culpa do comportamento masculino, que, por sua vez não foi abordado de maneira maniqueísta. No epílogo de “O homem que amava as mulheres”, Truffaut sintetiza a razão de suas próprias grandes paixões: o poder da literatura em transmitir uma perspectiva pessoal e a sagacidade feminina de compreender um homem quando ele mesmo não é capaz de fazê-lo. Afinal, o cineasta nos ressalta através da voz de Geneviève o que foi percebido por meio da obra de Bertrand, a idiossincrasia de cada uma das personagens que desfilaram diante de nós ao longo do roteiro e que no fim de tudo foram até o cemitério para se despedir do autor.

“Nesse gênero de filme, o julgamento recai mais sobre o personagem do que sobre o filme (…) Aliás, eu gostaria que as opiniões se contradissessem, com gente dizendo que o filme é falocrático e gente dizendo o contrário. É um filme feminista, à minha maneira” (François Truffaut)